segunda-feira, 24 de outubro de 2011


Lá fora finalmente chove torrencialmente...
 O seu som varre as ruas desertas,
vergastando-a intensivamente....
Sentei-me no Poof do terraço da varanda, envolvendo meu corpo confortavelmente.
Entre as mãos seguro o meu Dimple simples, que elevo à boca,
saboreando o adocicado sabor, permanecendo nas papilas gustativas, como se teimasse em derreter.
Abrigo no embalo da noite.
 Saudades de uma noite assim!
Julguei que o anormal calor deste ano jamais chegasse ao fim.
São vinte e duas horas e mais alguns minutos, ditados na minha cebola, que tanto avança ora recua ou acerta.
Sem sono e com a previsão de uma noite chuvosa e desagradável, teimo ficar no meu cantinho, escutando os jurros das calhas, expulsando e limpando os detritos de ninhos de pardalada.
Brindei a isso!
Uma vez mais, saborei o meu wiskey, em tragos pausados e descontínuos,
 deixando-me levar algures, a uma memória ...
 verão...

... estavamos deitados na praia, de corpos molhados e arrepiados das àgua frias do norte do país.
 Empurrei-te para fora da enorme toalha e rebolámo-nos até ficarmos completamente cobertos d´areia.
Fitaste-me com reprovação, largando um sorriso cínico de vendetta.
Com o indicador da minha mão direita, deslizei no teu cabelo castanho e ondulado,
onde pincelei os contornos do teu rosto.
Sobrancelhas...
 pestanas arrebitadas dos teu olhos escuros,
nariz pequeno e perfeito,
nos lábios carnudos...
circundando-os até me perder no tempo,
levando por tal atrevimento uma dentada seguido de uma risada de dôr.
Fixaste meus olhos, semi serrando os meus,em tom de censura.
Colámos  lábios, sugando-os ternuramente...
 Entre toques tímidos e fugazes, nossas línguas se tocam, acelerando os ritmos cardíacos...
Afastados da civilização e protegidos pelas dunas, deixamo-nos levar, acariciando corpos
que ansiavam por prazer.

Entre beijos, gemidos de sensações quentes indescritiveis, fizemos ali amor...
Salpicos d´água acordaram-me para a realidade.
O vento mudou e o céu  rugia, intensificando as grossas gotículas que agora caíam em rajadas ...
Finalizei o meu Dimple numa última golada, que me fez arfar de prazer.
Antes de me erguer no poof preto, fixei o som da chuva a cair
Inadvertidamente mordi os lábios, um tique que faço quando estou pensativo...
 
O AMOR
 
"é o sentimento dos seres imperfeitos,
posto que a função do amor
é levar o ser humano à perfeição.

Como são sábios aqueles
que se entregam às loucuras do amor!"

[ Joshua Cooke ]

2 comentários:

Secreta disse...

Por vezes somos felizes ao nos deixarmos levar p'las memórias.
:))
O Amor o maior e mais nobre dos sentimentos.
Beijito.

Porto.Sentido disse...

"Escorrem palavras, transbordam sentimentos e faltam explicações..."
Beijo :)*